O QUE É DIABETES MELLITUS?
A AMERICAN DIABETES ASSOCIATION(2002) e o AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE(1997), apresentam o Diabetes Mellitus como um grupo de doenças metabólicas caracterizado por uma menor utilização da glicose, induzindo hiperglicemia. Uma resposta defeituosa ou deficiente da insulina (hormônio produzido pelo Pâncreas) é responsável pela utilização insuficiente de glicose. O Pâncreas é uma glândula situada na parte superior do abdome e ligado ao intestino por um fino tubo. Ele produz alguns hormônios que são liberados diretamente na corrente sangüínea, o mais importante desses hormônios é a insulina. O outro hormônio produzido pelo Pâncreas e o glucagon, que tem a ação oposta à insulina e pode ser usado para corrigir hipoglicemia grave. Esses dois hormônios vêm de uma parte do pâncreas conhecida como ilhotas de Langerhans.
A insulina retém a glicose no fígado para que não seja lançada na corrente sangüínea, já que no fígado ela é armazenada como amido ou glicogênio, ela também ajuda a glicose a entrar em algumas células onde é usada como “combustível”. Assim, se não há insulina suficiente, a glicose vai sair do fígado para a corrente sangüínea e terá dificuldade de entrar em algumas células, provocando a hiperglicemia.
A hiperglicemia do Diabetes está associada à complicações a longo prazo, disfunção e deficiência de vários órgãos, especialmente os olhos, rins, nervos, coração, e vasos sangüíneos.
PRINCIPAIS SINTOMAS
Sintomas iniciais do Diabetes incluem: Poliúria (micção excessiva), Polidipsia (sede intensa), Polifagia (fome exagerada) mesmo acompanhada de perda de peso, fadiga extrema, irritabilidade e visão embaçada.
CONSEQÜÊNCIAS
Alterações no crescimento e suscetibilidade à infecções podem estar acompanhadas pelo quadro de hiperglicemia crônica. À curto prazo, as conseqüências ameaçadoras do Diabetes são: Hiperglicemia com cetoacidose, podendo levar o paciente ao coma hiperglicêmico ou a síndrome osmolar não cetótica; Hipoglicemia podendo levar o paciente ao coma hipoglicêmico. Ambos podem levar o paciente à morte.
Complicações a longo prazo do Diabetes incluem: Retinopatia, com potencial perda da visão; Nefropatia, podendo ocasionar problemas renais; Neuropatia periférica, podendo levar à amputação de membros e Neuropatia autonômica, causando complicações gastrintestinais, geniturinários, cardiovasculares e disfunções sexuais. Pacientes com Diabetes possuem um aumento na incidência de doenças como a arteriosclerose, aterosclerose, acidente vascular cerebral, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e anormalidades no metabolismo das lipoproteínas são freqüentemente encontrados em pessoas com Diabetes.
DOS TIPOS DE DIABETES
Da vasta maioria dos casos de Diabetes, destacam-se duas largas categorias etiopatogênicas. Em uma, a causa é uma deficiência na produção de insulina ou sua falta absoluta (Diabetes do Tipo 1). Em outra, muito mais abrangente, a causa é uma combinação de resistência à ação da insulina e uma inadequada resposta compensatória em sua secreção (Diabetes do Tipo 2). Nesta categoria, um certo grau de hiperglicemia, suficiente para causar mudanças funcionais e patológicas em vários tecidos e órgãos, pode se fazer presente por um longo período de tempo antes de a doença ser detectada.
Durante esse período assintomático, é possível haver uma anormalidade no metabolismo dos carboidratos, verificado pela medida da glicose sangüínea em jejum ou pelo Teste de Tolerância Oral à Glicose.
* O que é Diabetes insípido?
A única ligação existente entre diabetes insípido e a forma mais comum de diabetes (cujo nome completo é diabetes mellitus) é que as pessoas que têm as duas doenças eliminam grande quantidade de urina. O diabetes insípido é uma doença rara, devido a uma anormalidade na glândula pituitária e não no pâncreas. Uma doença não leva à outra, e o diabetes insípido não tem o mesmo potencial para complicações de longo prazo como o diabetes mellitus.
O DIABETES NO BRASIL
VIVOLO (1996), cita o Diabetes como uma das dez principais causas de mortalidade no Brasil. Segundo o Estudo Multicêntrico de Diabetes do Brasil, 7,6% da população urbana, entre 30-69 anos de idade, é portadora de Diabetes sendo a grande maioria portadora de Diabetes do Tipo 2. Estima-se que, no Brasil existam 5 milhões de diabéticos, dos quais metade desconhece o diagnóstico. Do total dos casos de Diabetes, 90% são tidos como portadores de Diabetes do Tipo 2. Cerca de 5 a 10% são portadores de Diabetes do Tipo 1 e 2% do tipo secundário ou associado a outras síndromes. O GUIA BÁSICO PARA O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS (1996), cita que o Diabetes Gestacional, uma condição transitória durante a gravidez, ocorre em torno de 2 a 3% das gestações. A Intolerância à Glicose, condição de maior risco tanto de evoluir para o Diabetes como de desenvolver doença arterosclerótica, tem prevalência de 7,8%(semelhante a do Diabetes).
DIAGNÓSTICO DO DIABETES MELLITUS
O MINISTÉRIO DA SAÚDE(1993), apresenta, em síntese, os seguintes critérios paras o diagnóstico do Diabetes Mellitus:
- Sintomas do Diabetes somados a concentração plasmática > que 200Mg/Dl em teste realizado ao acaso;
- Glicemia de jejum > que 126 Mg/Dl após oito horas sem ingestão calórica;
- Teste Oral de Tolerância à Glicose(TOTG) > que 200 Mg/Dl. O teste é realizado colhendo-se amostra de sangue 120 minutos após a ingestão de 75g de glicose e dissolvida em água. Os valores devem ser confirmados a menos que o paciente apresente sinais inequívocos de Diabetes.
ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES
Há relatos desde 1924, deixados por Levine e colaboradores, que o exercício era usualmente acompanhado de uma queda dos níveis de açúcar no sangue.
Desde então, vários estudos vêm demonstrando que a atividade física é um fator importante do tratamento, contribuindo para melhorar a qualidade de vida do portador de Diabetes. A atividade física atua, ainda, preventivamente e, quando associada a uma dieta saudável e equilibrada, pode evitar a instalação do Diabetes do tipo 2 e suas complicações. Um trabalho recente publicada no The New England Journal of Medicine, comparou 2 grupos de 261 indivíduos, sem sintomas, com sobrepeso e grande risco familiar para desenvolver Diabetes tipo 2. Observou-se que apenas 11% do grupo de indivíduos que deu início à pratica de atividade física regular tornou-se portador de Diabetes em 4 anos comparado a 23% no grupo que permaneceu sedentário. O risco de Diabetes do tipo 2 aumenta à medida que aumenta o índice de massa corporal, definido pela relação peso/(altura)² . Os índices de normalidade estão entre 20 e 25.
Os benefícios da atividade física podem ser observados a curto, médio e longo prazo. Dentre os benefícios a curto prazo observa-se o aumento do consumo de glicose como combustível por parte do músculo em atividade, contribuindo para o controle da glicemia (taxa de açúcar no sangue). Este efeito pode se prolongar por horas após o fim do exercício. Esta resposta do metabolismo à atividade física é fisiológica e pode ser alterada durante os estados de extrema deficiência de insulina ou excesso da mesma, fator responsável por um risco maior de hipoglicemia e/ou hiperglicemia e ocorrência de cetoacidose (alteração grave no metabolismo que pode até levar ao estado de coma). Por essa razão, a prescrição de atividade física para melhorar o controle glicêmico em pacientes portadores de Diabetes tipo 1 (insulino-dependentes) foi motivo de discussão e controvérsias entre especialistas. O uso freqüente das técnicas de controle da glicemia e a implantação de terapia com insulina permitem ao paciente portador de Diabetes do tipo 1 desenvolver estratégias e ajustes no consume de carboidratos e doses necessárias de insulina, para poder participar de maneira mais segura em programas de atividade física. Sintomas mais freqüentes provocados por hipoglicemia e que devem ser sempre motivo de atenção: sudorese excessiva, tremores, irritabilidade, nervosismo, náuseas, sonolência, tonturas, visão embaraçada e pupilas dilatadas. Esta reação pode ser observada em até 24 horas após o término da atividade física.
Por outro lado, a indicação de atividade física em pacientes portadores de Diabetes do tipo 2 não apresenta dúvidas e, é hoje, junto com perda de peso, uma das formas mais apropriadas para corrigir a resistência à insulina e controlar a glicemia nesse tipo de Diabetes, ainda mais quando associado à obesidade. Além disso, no Diabetes do tipo 2, raramente o exercício gera hipo ou hiperglicemia importantes. Os benefícios a médio e longo prazos da prática regular de atividade física são observados na minimização dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronárias (angina, infarto, etc.) que já são geralmente aumentados no individuo portador de Diabetes. Este benefício ocorre através das seguintes alterações: melhora do perfil de gorduras, contribuição para a normalização da pressão arterial e tendência ao desenvolvimento de circulação colateral (novos vasos sangüíneos).
Além disso, o exercício propicia melhores padrões comportamentais como o cuidado com a alimentação e o auto-controle por parte do diabético, o que conseqüentemente contribui para melhorar sua qualidade de vida.
COMO DEVE SER REALIZADA A ATIVIDADE FÍSICA
Como os outros elementos do tratamento, a atividade física deve ser prescrita de maneira individual para otimizar os benefícios e, principalmente, o tipo, freqüência, intensidade e duração do exercício recomendado dependerão da idade, do grau de treinamento prévio, do controle metabólico, e da presença de complicações específicas da doença.
Por isso, antes de iniciar a prática da atividade física, o portador de Diabetes deve submeter-se a exame clínico geral (fundo de olho, avaliar eventual neuropatia ou alteração da função renal) e cardiovascular incluindo, na medida do possível, uma prova de esforço (teste ergométrico).
Apesar de terem sido descritos grandes benefícios em pessoas que realizam um vigoroso programa de treinamento, o exercício de intensidade menor (50% da freqüência cardíaca máxima) também pode produzir benefícios importantes e melhora da condição física dos pacientes sedentários com estado físico debilitado, quando praticado com freqüência semanal maior.
É geralmente aceito que no início a duração da atividade não deva ser inferior a 20 minutos para os exercícios contínuos e sem ultrapassar 60 minutos para o mesmo exercício. O exercício prolongado apresenta grandes vantagens, mais aumenta também o risco de hipoglicemia e, por este motivo necessita de um maior controle.
A prática de atividade física com freqüência inferior a 2 (duas) vezes por semana não fornece benefícios significativos do ponto de vista metabólico e cardiovascular.
RECOMENDAÇÕES:
- Escolher uma atividade física a seu gosto e praticar regularmente;
- Evitar metas inatingíveis;
- Aumentar progressivamente a duração da atividade e a intensidade do esforço;
- Começar e terminar as sessões com exercícios de alongamento e movimentos articulares;
- Interromper o exercício se ocorrer sinais de hipoglicemia (tontura, sudorese fria, náuseas), dor no peito ou falta de ar;
- O tênis utilizado deve ser confortável e as meias de algodão. Examinar diariamente os pés. O portador de Diabetes pode apresentar menor sensibilidade dolorosa nos pés, e lesões traumáticas por tênis apertados podem passar desapercebidas;
- Beber uma quantidade maior de líquido sem calorias e cafeína, como água, antes, durante e após a atividade física;
- Realizar controle regular da freqüência cardíaca;
- Portar sempre algum alimento doce ou carboidrato durante a atividade física.
Cabe lembrar que, aqui foram descritas breves informações sobre o assunto, o qual é muito mais extenso e complexo! Qualquer dúvida entre em contato!
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